Tempo, trabalho e o sentido das ações
À medida que encerramos mais um ciclo, surge um convite necessário: revisitar a forma como entendemos o tempo, o trabalho e o sentido das nossas ações.
Talvez o tempo, tal como o organizamos no mundo corporativo — cronogramas, agendas, metas e prazos — não seja o elemento central da produtividade, como imaginamos. O que realmente existe, de forma concreta, são as ações humanas: aquilo que planejamos, entregamos e transformamos.
Ao longo da história, não foi o controle do relógio que diferenciou o ser humano, mas a capacidade de agir e criar impacto. É essa capacidade de ação, carregada de intenção e significado, que deveria estar no centro das nossas conversas sobre trabalho — especialmente quando um ano termina e outro começa.
Quando o trabalho perde o sentido
Quando a lógica da aceleração toma conta, o trabalho deixa de ser espaço de construção de valor e passa a ser apenas um fluxo de tarefas. As pessoas se veem correndo para cumprir prazos, mas desconectadas do por quê e do para quê daquilo que fazem.
Nesse cenário, líderes se tornam gestores de agenda, e não de sentido. Times se especializam em responder ao urgente, e não em cuidar do importante. E pouco a pouco, a experiência de trabalho vai perdendo sua capacidade de gerar crescimento, aprendizado e conexão.
É justamente nesse ponto que precisamos resgatar uma pergunta simples e poderosa: o que o meu trabalho move? Que impacto ele gera nas pessoas, nos clientes, na organização e em mim mesmo?
Ressonância: quando ação encontra resposta
É nesse contexto que Hartmut Rosa propõe um caminho diferente: a ressonância. No mundo da gestão, podemos entender a ressonância como a criação de condições para que as ações — individuais e coletivas — gerem resposta, valor e impacto.
No dia a dia das empresas, a ressonância aparece em situações muito concretas:
- Quando um atendimento bem feito transforma a experiência de um cliente.
- Quando uma orientação cuidadosa melhora o desempenho de um colaborador.
- Quando um projeto executado com atenção gera resultados que reverberam em toda a equipe.
A ressonância não nasce da quantidade de tarefas, mas da qualidade da presença no que se está fazendo. Não da velocidade, mas da intenção. Não do acúmulo, mas da conexão entre ação e sentido.
Convites para o novo ano: menos corrida, mais sentido
Ao olhar para o novo ano que se aproxima, o convite é simples e profundo. Mais do que listar metas, talvez seja hora de revisitar a forma como escolhemos agir:
- Menos foco no volume, mais foco no propósito — no porquê fazer.
- Menos aceleração, mais direção — no para onde caminhar.
- Menos tarefas distribuídas, mais prioridades claras — no quê é realmente importante.
- Menos corrida, mais conexão com o que importa — para a empresa, para os times, para cada pessoa.
São ajustes de rota que não dependem apenas de grandes projetos, mas de pequenas decisões cotidianas: quais reuniões precisamos de fato manter, quais entregas merecem mais profundidade e quais conversas precisam acontecer para que o trabalho volte a ter sentido.
Conclusão: o que você faz — e o que isso move?
O Natal é um período simbólico importante para reflexões como essa. Reflexões que nos levem para fora da caixa e nos ajudem a sair do automático. Pensar com sentido, com intenção, com conexão.
Que 2026 seja, para todos nós, um ano marcado não apenas pela entrega, mas pela entrega significativa. Pelo trabalho que gera impacto. Pela ação que encontra resposta. Pelo resultado que transforma e é transformado.
E que, ao final do próximo ciclo, possamos afirmar — enquanto empresas e pessoalmente:
“Fizemos.
Realizamos.
Crescemos.
Conectamos.”
Não deixe de compartilhar conosco suas reflexões.
Curadoria de
Wagner Rodrigues
Consultor de Recursos Humanos